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BRONQUIECTASIAS
Dr Rodrigo Athanazio – CRM SP 122658 –
Médico Assistente – Disciplina de Pneumologia
Grupo de Doenças Obstrutivas (Asma, DPOC, Bronquiectasia e Fibrose Cística)
Instituto do Coração – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Diretor de Publicação da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia
Editor-chefe do Pneumologia Paulista
Dra Samia Rached _ CRM SP 116126 – Médica Assistente – Disciplina de Pneumologia
Grupo de Doenças Obstrutivas (Asma, DPOC, Bronquiectasia e Fibrose Cística)
Instituto do Coração – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
DEFINIÇÃO
Bronquiectasia é uma doença das vias aéreas pulmonares caracterizada pela dilatação anormal e irreversível dos brônquios. Ela decorre de uma agressão aos brônquios que pode ter origem em um problema genético como na fibrose cística ou discinesia ciliar ou através exposições ao longo da vida como infecções ou doenças reumatológicas como artrite reumatoide. Em todos esses cenários, ocorre uma inflamação nos brônquios que passam a produzir mais secreção para se proteger e com isso dando os sintomas de tosse crônica com excesso de secreção. Além disso, o acúmulo de secreção nos pulmões favorece a colonização por bactérias nas vias aéreas levando a quadros repetidos de infecção pulmonar que é outra característica marcante da doença.
Existem diversas causas para ocorrência de bronquiectasias, sendo a mior parte delas descrita na tabela 1.
Tabela 1 Condições associadas a bronquiectasias
Pós-infecciosa
Bacterianas, virais, fúngicas e micobacterianas
Condições congênitas e hereditárias
Discinesia ciliar primária
Fibrose cística
Deficiência de α1-antitripsina
Traqueobroncomegalia (síndrome de Mounier-Kuhn)
Deficiência de cartilagem (síndrome de Williams Campbell)
Sequestro broncopulmonar
Síndrome de Marfan
Imunodeficiência
Primária: Hipogamaglobulinemia, deficiência seletiva de IgA, deficiência seletiva de IgG ou de suas subclasses, imunodeficiência comum variáveil
Secundária: Leucemia linfocítica crônica, quimioterapia, imunomodulação (após transplante), vírus da imunodeficiência humana
Obstrução brônquica localizada
Aspiração de corpo estranho
Neoplasia de crescimento lento (benigna ou maligna)
Compressão extrínseca por linfonodomegalia
Aspiração pulmonar
Inalação de substância tóxicas (cloro e heroína)
Aspiração de conteúdo gástrico
Condições reumáticas
Artrite reumatoide
Lúpus eritematoso sistêmico
Síndrome de Sjögren
Policondrite recidivante
Outras
Doenças inflamatórias intestinais
Síndrome de Young
Síndrome da unha amarela
Fístula brônquica
Idiopáticas
EPIDEMIOLOGIA
Apesar da escassez de dados epidemiológicos em bronquiectasias, estudos mostraram incidência de 3.7/100000 crianças na Nova Zelândia e 52/100000 adultos nos EUA. Sua prevalência aumentou nos últimos anos na população americana, no entanto, não se pode concluir se o número de pacientes com bronquiectasia de fato aumentou ou se houve maior diagnóstico da doença devido ao uso mais difundido de tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) com maior sensibilidade para diagnóstico da doença. No Brasil, estima-se que a prevalência seja ainda maior que em países desenvolvidos em função da alta incidência de tuberculose e do controle inadequado de infecções respiratórias na infância, condições associadas ao desenvolvimento da bronquiectasia (1).
FISIOPATOLOGIA (por que a doença ocorre?)
O desenvolvimento das dilatações brônquicas é explicado por um ciclo vicioso de agressão das vias aéreas. Uma predisposição genética associada a um insulto ambiental promove danos estruturais na via aérea, prejudicando o transporte mucociliar e favorecendo acúmulo de secreção e persistência de microorganismos e, consequentemente, inflamação crônica. Esta inflamação leva a mais dano tecidual, alterando ainda mais o movimento ciliar. O movimento ciliar é um mecanismo normal do corpo humano responsável por retirar as secreções que produzimos diariamente no trato respiratório. Nos pacientes com bronquiectasias, a maior quantidade de secreção juntamente com esse sistema de limpeza ciliar estão alterados, perfazendo o ciclo vicioso de: inflamação, destruição da via aérea, limpeza mucociliar prejudicada, colonização bacteriana e novamente inflamação (2).