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ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
O diagnóstico é realizado através de exames de imagem, principalmente tomografia de tórax de alta resolução (TCAR). A tomografia é o melhor exame para confirmar a suspeita de bronquiectasias. Trata-se do exame mais sensível para detecção das dilatações brônquicas e pode também demonstrar outros achados bastante comuns da doença como presença de secreção pulmonar impactada dentro dos pulmões (3). O Rx de tórax também pode ser usado porém ele não possui a mesma sensibilidade que a tomografia e muitas vezes somente serão detectadas alterações no rx de tórax quando a doença já está mais avançada. Desta forma, na suspeita de bronquiectasias, sobrtudo nos pacientes com tosse crônica e infecções pulmonares recorrentes, uma tomografia de tórax sempre deve ser realizada para investigação do caso.
- Exames de função pulmonar
A espirometria é um exame de sopro simples que consiste no paciente soprar com força através de um bucal em um aparelho específico. Com esse exame, é possível quantificar a capacidade pulmonar do paciente e avaliarmos a gravidade da doença. Além disso, é um exame essencial para o seguimento e acompanhamento do paciente (4,5).
- Exames laboratoriais e microbiológicos
São importantes no diagnóstico etiológico das bronquiectasias. Exames de avaliação primária incluem: hemograma, exames de escarro (gram, cultura geral, pesquisa de bacilo álcool -ácido resistente, cultura para micobactérias, pesquisa direta e cultura para fungos), dosagem sérica de imunoglobulinas IgG, IgM, IgA e IgE e sorologia para HIV. Outros exames mais complexos vão variar de acordo com demais dados clínicos e radiológicos do paciente e são fundamentais para tentar identificar as causas das bronquiectasias. Esses exames incluem fator reumatoide, dosagem de alfa-1 antitripsina, dosagem de cloro no suor, broncoscopia, teste de função ciliar, pHmetria esofágica e investigação do trato digestivo (Tabela 2) (4,5).
Tabela 2 – Exames diagnósticos direcionados para investigação etiológica de pacientes com broquiectasias
Exame diagnóstico | Diagnóstico clínico |
IgG, IgM e IgA (considerar subclasses de IgG se disponível) | Imunodeficiência comum variável, Agamaglobulinemia, deficiência de subclasses de IgG |
IgE, sorologia para Aspergillus sp, prick test ou RAST para Aspergillus | Aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) |
Cultura de escarro para micobactérias | Tuberculose, micobacteriose não tuberculosa |
Dosagem sérica de alfa-1 anti-tripsina ou teste genético SERPINA1 | Defiiciência de alfa-1 antitripsina |
Dosagem de cloreto no suor ou teste genético do CFTR | Fibrose cístsica |
Avaliação de óxido nítrico nasal, avaliação da utra-estrutura e batimento ciliar, teste genético ciliar | Discinesia ciliar primária |
pHmetria, endoscopia digestiva alta, vídeo-deglutograma, manometria esofágica | Refluxo gastro-esofágico e aspiração pulmonar |
Sorologia para HIV | Imunodeficiência secundária |
Fator reumatoide, FAN, anti-Ro, anti-La, anti-ccp, ANCA | Colagenoses |
Colonoscopia, anti-ASCA | Doença inflamatória intestinal |
Importante salientar a importância da realização do exame de escarro (aeróbio, fungo e micobactéria) de forma regular a cada 3-6 meses nestes pacientes para monitorização da infecção crônicas das vias aéreas. Devido alterações estruturais significativas da árvore brônquica, estão sob risco aumentado de infecção por bactérias oportunistas, sendo a vigilância essencial para manejo adequado destes quadros (4,5).
Dr. Rodrigo Athanazio CRM 122656 – Médico Assistente – Disciplina de Pneumologia
Instituto do Coração – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Diretor de Publicação da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia
Editor-chefe do Pneumologia Paulista.
Dra. Samia Rached CRM 116126 – Médica Assistente – Disciplina de Pneumologia
Grupo de Doenças Obstrutivas (Asma, DPOC, Bronquiectasia e Fibrose Cística)
Instituto do Coração – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.